O governador Mauro Mendes (União) disse que muitos dos jovens das periferias de Mato Grosso veem o crime organizado como uma possibilidade de obter dinheiro e respeito nas comunidades onde vivem. A fala foi feita na sexta-feira (16), em discurso no 23º Fórum Empresarial LIDE, que reuniu autoridades políticas e investidores no Rio de Janeiro.
“Eu pesquisei e, hoje, nas periferias das cidades do meu estado, muitos jovens sonham em entrar para a ‘família’. Eles não se chamam de facção, se chamam de ‘família’. Entrar para a ‘família’, ter a ascensão, porque ali eles têm poder, tem dinheiro e tem respeito dentro da comunidade”, disse Mauro.
“Eu me lembro que muitos anos atrás, nas periferias das grandes cidades brasileiras, o sonho de consumo de muitos jovens que jogavam bola nos campinhos, de forma inocente, era ser jogador de futebol. Representava o sonho e a expectativa de milhares e milhares de jovens brasileiros”, acrescentou o governador, que vê esse fenômeno como revelador da crise enfrentada no país.
Mauro destacou que, mesmo com os altos investimentos feitos na área tanto pelo Governo Federal quantos pelos estados, a situação não tem mudado. Para o governador, essa crise é reflexo da desigualdade social, da sensação de impunidade e da lentidão da Justiça.
O governador teceu críticas e cobrou uma reforma do Código Penal Brasileiro, que foi promulgado em dezembro de 1940 e acolhido pela Constituição de 1988.
“Isso repousa em um modelo de um Código Penal de 1940, quando muitos de nós aqui presentes e grande parte desse país, nem nascido era. E esse código não representa a realidade do Brasil nesse momento e a necessidade para combater esse principal câncer, que vai atravancar o desenvolvimento dos nossos estados, do nosso país e da nação brasileira”, afirmou.
Mauro destacou que, apesar da máxima de “o Brasil é o país do futuro”, historicamente o país tem perdido oportunidades de desenvolvimento. O governador mato-grossense pontuou que para não perder mais uma oportunidade nesse momento é preciso resolver algumas questões prioritárias, como oferecer segurança jurídica para os investidores internacionais e resolver o problema da segurança pública no país.
“Entender isso com profundidade é necessário. Não podemos errar novamente, não podemos dar tratamentos que estão muito aquém de uma realidade que está muito comprometida, que está no DNA da sociedade”, concluiu.
Repórter MT/Aparecido Carmo