O presidente da Aprosoja-MT (Associação Mato-Grossense dos Produtores de Soja ), Lucas Beber, rechaçou a atitude do ministro da Agricultura Carlos Fávaro de entregar uma carta à União Europeia prometendo desmatamento zero até 2030.
A questão do desmatamento no Brasil virou pauta internacional de entidades que culpam o agronegócio pelo aumento do desmate e expansão das queimadas.
“Ele não pode fazer compromissos no qual não pode garantir o cumprimento. Isso tira a credibilidade do nosso país e atrapalha ainda mais a abertura de mercado e respeito pelo Brasil”, disse Beber.
No último dia 12 de setembro, Fávaro entregou a carta ao comissário europeu para Agricultura e Desenvolvimento Rural, Januz Wojciechowski. No documento o Brasil também pede a suspensão da Lei Antidesmatamento da Europa, que veta a compra de produtos brasileiros de áreas desmatadas, inclusive legalmente.
Beber também fez críticas à falta de posicionamento de Fávaro em relação às declarações da ministra Marina Silva criticando produtores rurais.
Recentemente a ministra classificou os produtores como maiores causadores de incêndio florestais em Mato Grosso.
“Ele é produtor no nosso Estado, a família dele produz aqui, ele foi presidente da nossa entidade, conhece a realidade dos nossos produtores. E tem o papel de ser um interlocutor o mostrar que muitas vezes a ministra Marina está equivocada”, afirmou em entrevista.
Beber ainda lembrou de Aldo Rebelo, ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Roussef e atual secretário de Relações Internacionais de São Paulo, por já ter se posicionado por várias vezes contra a atuação da ministra.
O ex-ministro já chegou a dizer que Marina não representa interesses nacionais no Ministério do Meio Ambiente.
“Ele [Aldo Rebelo] criticou a ministra Marina da Silva quando ela fazia manifestações que prejudicassem o nosso mercado nacional, especialmente lá fora. Ele [Fávaro] foi colocado lá como representante do setor, deve fazer esse contraponto, defender os produtores e as práticas feitas pelos produtores”, disse.
Plano Safra
O presidente também criticou o Plano Safra de 2024/2025, que prometeu ser o maior da história, porém, segundo ele, não atendeu às expectativas dos produtores. Foi destinado R$ 400,59 milhões para agricultura empresarial
No entanto, Beber explicou que o valor não levou em consideração a inflação e a taxa de juros maior do que a Selic, que é a taxa básica de juros da economia.
Ele cobrou maior organização do ministro que, segundo ele, não está sendo pontual. O presidente afirmou que isso atrasa ainda mais o produtor em adquirir os recursos, gerando uma demora para os bancos se atualizarem.
“Uma semana depois os recursos nos bancos e nas agências falavam que já tinham se esgotado. Então, a gente nem sabe se todo esse dinheiro de fato veio e foi disponibilizado para o acesso”, disse.
“Então, por um lado fala-se de um Plano Safra maior, mas do outro cada vez mais perdendo o poder de compra e esse atraso também ocorre”.
Mídia News/Vitória Gomes